A possibilidade de derrubar a meia-entrada nos jogos da Copa do Mundo de 2014 abriu uma queda de braço entre deputados e o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, durante a audiência realizada nesta terça-feira na Câmara, para debater os pontos do projeto de lei que ditará as regras da competição.
Numa tentativa de driblar a resistência à extinção do benefício, Valcke propôs que a meia-entrada aos estudantes seja contemplada numa categoria de ingressos criada especificamente para exceções à cobrança do preço cheio do acesso aos jogos.
A categoria englobaria também uma espécie de cota popular de ingressos, cujos preços poderiam chegar a US$ 25, segundo o secretário-geral da Fifa. A chamada “categoria 4”, segundo o secretário, teria normas específicas definindo um modelo de acesso privilegiado aos estudantes.
“Em vez de termos diferentes grupos com acesso geral à meia-entrada, propusemos uma categoria 4, reservada apenas para os brasileiros. Nessa categoria, trabalharíamos como for melhor para dar acesso privilegiado a estudantes e outros grupos que tenham acesso à meia-entrada”, disse Valcke. O modelo iria se sobrepor à lei da meia-entrada a estudantes, atualmente em vigor.
Valcke disse que a concessão do benefício como prevê atualmente a lei brasileira não garante que aqueles que não têm condições de pagar o preço do ingresso tenha acesso à competição. “Estamos de acordo em assegurar que várias comunidades tenham acesso à Copa do Mundo. Mas quando damos a meia-entrada de forma geral, não são os mais pobres que compram esta meia-entrada”, afirmou o secretário.
Valcke disse ter deixado claro desde o início à presidenta Dilma Rousseff que a entidade enxerga um empecilho “técnico” na concessão do benefício. “É verdade que a Fifa não gosta desta meia-entrada. Quando encontramos a presidenta Dilma ela mostrou que a entrada para mais de 60 anos era lei nacional e nós dissemos que não mexeríamos nessa lei nacional. Mas, sobre os estudantes, dissemos que tínhamos uma questão técnica. Não é uma questão de dinheiro”, disse Valcke.
Apoiados em possíveis distorções na tradução simultânea – Valcke se dirigiu aos parlamentares em francês – alguns deputados chegaram a declarar que a fala do secretário da Fifa significava, então, que ele se comprometia com a meia-entrada aos estudantes. Outros responderam às declarações cobrando que ele se posicione claramente se é contra ou a favor do benefício.
Outras propostas de emenda ao trecho do projeto de lei que trata da meia-entrada entraram na discussão. Pedindo explicações mais aprofundadas em relação à proposta de criação da categoria 4, o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) apresentou a ideia de reservar um porcentual de ingressos à meia-entrada, que poderiam ser comprados por um site montado pela Fifa na internet. Uma vez superada a oferta de assentos, seria feito um sorteio para definir quem fica com o bilhete.
“Queremos oferecer uma proposta concreta – para cada jogo, se definiria um porcentual de cadeiras para estudantes e cadeiras para ingressos populares. Se colocaria no portal da própria Fifa, ao qual todos que quiserem adquirir ingressos para entrar. E superando o número de ingressos oferecidos, seria feito um sorteio. E esse portal seria subsidiado por publicidade”, disse.
Na audiência, Valcke procurou minimizar a interferência da Fifa na definição das regras da competição. Disse que a entidade respeita integralmente a soberania do Brasil, mas destacou que está em questão uma competição que é financiada pela federação, embora investimentos públicos sejam necessários para abriga-la. “A soberania é uma coisa que cabe ao Estado”, disse ele.
Fonte: IG Último Segundo
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