segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Genival Barros, o paraibano amigo do Rei Roberto Carlos
Na próxima quinta-feira (9), Roberto Carlos subirá ao palco da Domus Hall, em João Pessoa. Obedecendo a um ritual de décadas, estará de azul ou branco, para deleite de seus admiradores, fechará os olhos e cantará: “Quando eu estou aqui...”. Todo o espetáculo, meticulosamente preparado e que faz jus à realeza conferida pelo imaginário popular, terá o toque especial de um paraibano. O nome dele é Genival Barros.
Responsável pela produção técnica do show, Genival é uma espécie de braço direito do Rei neste assunto. É ele quem cuida de tudo. Detalhes do palco, luz, som. Tudo passa pelas mãos desse paraibano de Campina Grande, extremamente dedicado, que aos 69 anos não pensa em se aposentar. “Minha história daria um livro e eu estou me preparando para escrevê-lo”, diz.
Um pouco dos capítulos desta história será revelado, agora, pela reportagem do JORNAL DA PARAÍBA, que conversou com Genival Barros. Ele chegou a João Pessoa antes da equipe. Veio não apenas para providenciar os detalhes necessários e acompanhar a montagem do show, mas aproveitou a estada para visitar uma filha que mora no Bessa.
Genival começou a trabalhar com Roberto Carlos em 1969. O encontro foi marcado pelo próprio cantor. “Ele ligou pra mim e nós combinamos de nos encontrar em um hotel, em São Paulo”, recorda. “Roberto me disse: eu quero que, a partir de hoje, você cuide da parte técnica de operação de som dos meus shows. Você terá carta branca e nós vamos trabalhar juntos por muito tempo”. A profecia de Roberto se cumpriu. Daquele encontro até hoje já se passaram 41 anos de trabalho, amizade e contato.
Perguntado sobre qual foi o sentimento de ter sido convidado pelo Rei, Genival diz que se sentiu “lisonjeado”. A compensação não foi apenas artística. Para largar o emprego na TV Record, onde atuava como operador de som, Genival recebeu uma proposta financeira muito boa. “Era o dobro do que eu ganhava lá”, relembra. Quando fala de Roberto Carlos, Genival deixa expresso o seu respeito e sua reverência. Ao ser questionado como é que o Rei, tido como alguém exigente que consegue trabalhar praticamente com uma mesma equipe durante tanto tempo, Genival diz que “Roberto sempre se cercou dos principais. Todo mundo sabe o que ele gosta, ele faz questão de que as pessoas se sintam bem trabalhando com ele e é muito bom trabalhar assim. É como se nós estivéssemos subindo ao palco pela primeira vez”, comenta.
Qual foi o episódio que mais chamou a atenção de Genival nestes anos todos ao lado do Rei? “Na comemoração dos 50 anos de carreira de Roberto no Maracanã”, aponta. “Em 1965, eu cheguei a ver uma multidão toda correndo atrás dele e 45 anos depois, o mesmo estádio lotado, numa demonstração de popularidade”.
Para que aquele encontro de 1969 acontecesse, Genival teve que suar muito. Roberto Carlos o convidou para integrar sua equipe, porque o conhecia de outros tempos. Em 1965, quando comandava seu programa da TV Record, era Genival quem cuidava da operação de som da emissora. Daquela época, o paraibano se recorda do rigor com que Roberto Carlos cuidava de tudo. “Ele não era daqueles artistas que chegavam e não se importava com nada”, comenta. “Prestava atenção em tudo, conferia, olhava. Ele não gostava que mexessem no cenário, em nada, tudo tinha que combinar com ele”.
Genival, por sua dedicação e esforço, conseguiu ser escalado para trabalhar na verdadeira vitrine da TV Record: os programas musicais. Tanto é que o paraibano foi testemunha e personagem da história dos famosos musicais promovidos pela antiga Record. “Era uma verdadeira loucura, parecia torcida de futebol. Às vezes, o barulho da plateia cobria o som da voz dos cantores”. Perguntado sobre qual foi o momento mais marcante presenciado durante dos festivais, Genival nem hesitou em dizer qual foi: “quando Sérgio Ricardo quebrou o violão. Ele gritava: vocês venceram! Vocês venceram!”
Quando ainda trabalhava no rádio, Genival tinha um sonho: ser anunciado como operador de som. “Havia um programa na TV Record com um narrador que mais parecia narrador de cinema. Ele costumava anunciar a equipe técnica dizia, com uma pausa. Ele dizia ‘...e no som....’ E eu queria muito que ele dissesse o meu nome”.
Até acontecer aquele anúncio triunfal, muita água rolou embaixo da ponte. Ninguém acreditava que ele fosse capaz de sair de Campina e ir para São Paulo.
Do Paraiba 1
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