sábado, 9 de outubro de 2010

Dengue cresce 508% na PB. Capital registrou um aumento de 577,6% de casos



A Secretaria de Estado da Saúde (SES) divulgou o informativo sobre os casos de dengue na Paraíba. De acordo a Vigilância em Saúde (Gevs), este ano, foram confirmados 4.391 casos da doença na Paraíba, da 1ª à 39ª semana epidemiológica (do dia 3 janeiro a 2 de outubro). Houve um aumento de quase 508,2% no número de casos, em comparação com o mesmo período do ano passado, quando foram confirmados 722. Na Capital do Estado, o crescimento chegou a 577,6%, passando de 116 para 786 casos. A SES orienta que os municípios reforcem as visitas dos agentes de saúde nas casas.

Segundo a chefe do Núcleo de Doenças Transmissíveis por Vetores, Gisele Aversari, os dez municípios que mais registraram casos da doença, até agora, foram João Pessoa (786), Cabedelo (368), Campina Grande (313), Uiraúna (271), Catolé do Rocha (266), São José de Piranhas (196), Brejo dos Santos (173), Cajazeiras (120), Monteiro (112) e Brejo do Cruz (109).

“Em alguns desses municípios, a ocorrência de dengue já diminuiu, neste segundo semestre, e eles não aparecem entre os mais afetados. É o caso de Uiraúna, Catolé do Rocha e Brejo dos Santos. Outros começaram a registrar um crescimento e aparecer entre os 10 mais afetados, neste semestre: Riacho do Cavalos, Barra de Santana e Patos. Três continuam no topo da lista: João Pessoa, Cabedelo e Campina”, alertou Gisele.

Dos 4.391 casos de dengue confirmados, 4.314 foram de dengue clássica, 50 de dengue com complicação, 24 de dengue hemorrágica e três de síndrome do choque da dengue. Foram registrados dois óbitos em João Pessoa, um em Areial e outro em Campina Grande. No ano passado, foram 709 de dengue clássica, três de dengue com complicações, nove de dengue hemorrágica e um de síndrome do choque da dengue. Foi registrado um óbito em Itabaiana.

Faltam visitas - A orientação do gerente de Vigilância Ambiental da SES, Nilton Guedes, é que os municípios reforcem as visitas domiciliares feitas pelos agentes de saúde. “Dengue é uma doença vetorial, transmitida ao ser humano. A partir do momento em que o principal município do Estado, que tem a maior população, não cumpre os ciclos de visitas domiciliares, o risco de uma epidemia é muito maior”, afirmou.

O Sistema de Informação do Programa Nacional de Controle da Dengue (Sisfad) mostra que João Pessoa está entre os quatro municípios paraibanos que não estão cumprindo o ‘dever de casa’ no combate à dengue. A Capital, Taperoá, Alagoa Nova e Gurjão ainda não concluíram o segundo ciclo de visitas dos agentes de vigilância ambiental, que deveria ter encerrado em abril. O Ministério da Saúde recomenda a realização de, no mínimo, seis visitas por ano, para eliminação das larvas e dos criadouros do Aedes aegypti e para orientação da população.

O Sisfad mostra que o restante dos municípios (219) deve atingir a meta. A maioria (133) está no quarto ciclo de visitas, 73 estão realizando o terceiro e 13 já iniciaram o quinto período de inspeções. No ano passado, apenas 29 municípios conseguiram concluir as seis visitas e a maior parte (153) fez cinco. Trinta e sete realizaram quatro; três ultrapassaram a meta e João Pessoa foi o único município que fez somente três vistorias. “Quando a visita não acontece, o morador deixa de saber quais são os locais de risco e, ao mesmo tempo, deixa de eliminar os criadouros que por ventura existam”, disse Nilton.

Nilton Guedes explicou que o tipo de criadouro do mosquito da dengue muda de acordo com a época do ano. “O período de chuvas, alternado com dias quentes, é mais propício à reprodução do mosquito, já que o número de criadouros é bem maior e, durante a visita, o agente tem como orientar a população e mostrar esses locais, que se tornam mais específicos para uma determinada área. Já na estiagem, o tipo de criadouro muda porque passa a ser os locais de armazenamento de água para consumo. Por isso, é importante que as visitas sejam feitas a cada dois meses”, enfatizou.

Faltam agentes - Nas inspeções feitas de casa em casa, os agentes esclarecem as dúvidas dos moradores, mostram os locais onde há risco de proliferação do mosquito e eliminam os criadouros encontrados, esvaziando os depósitos de água ou aplicando larvicida, quando necessário. Por dia, cada agente tem capacidade de visitar até 25 residências. “Nem todos os municípios têm agentes suficientes para cobrir todas as áreas e isso faz com que haja deslocamento de profissionais de sua área para cobrir outra que está sem agente, atrasando o cumprimento dos ciclos de visitas”, explicou Nilton.

Pontos estratégicos - Além das residências, os agentes atuam nos pontos estratégicos (ferros-velhos, borracharias, cemitérios, depósitos de sucata e de materiais de construção, entre outros), locais onde há grande concentração de depósitos preferidos pelas fêmeas do Aedes aegypti para depositar os seus ovos. Nessas áreas, o Ministério da Saúde recomenda que as visitas sejam feitas a cada 15 dias e, além da aplicação do larvicida, também seja usado o adulticida, inseticida para atingir o mosquito na fase adulta.


Da Redação com Ascom

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