quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Perigo no ar:Urubus deixam Aeroporto de Parintins, no Amazonas, apenas com voos noturnos




Uma ação da Justiça do Amazonas obriga o Aeroporto de Parintins a operar apenas à noite - entre 19h e 5h - por causa do grande número de urubus na região da cabeceira da pista. Um laudo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) aponta a existência de três espécies da ave na região - todas com hábitos diurnos - o que gera um risco operacional para as aeronaves que chegam a Parintins. Após a decisão, do Juiz Federal Dimis da Costa Braga, 6 dos 8 voos oferecidos no aeródromo foram cancelados.

- Só restaram dois horários, à noite e na madrugada, como opção. Estamos sem transporte de valores, sem transporte de correspondência e sem transporte de cargas - revela o administrador do aeroporto, Jean Jorge Rodrigues.

Localizado a cerca de 3 km da cabeceira da pista do aeródromo, o lixão de Parintins é apontado como o grande vilão. De acordo com o piloto Fernando Sporleder, vice-presidente de operações da WebJet, a colisão de aviões com pássaros é um problema mundial e pode estar associado à combinação lixão-urubu.

- No Brasil, grande parte das ocorrências, há alguns anos, estavam ligadas à existência de lixões nas regiões dos aeroportos. Mas, de um tempo para cá, o poder público se conscientizou que onde há lixo há urubu e isso representa um perigo aviário - afirma o piloto.

Para Sporleder, o problema agora não são apenas os urubus, mas sim outros pássaros que, por causa do crescimento das cidades, passam a habitar as regiões descampadas dos aeroportos. Segundo o piloto, não há nenhum registro fatal de colisão de pássaro que tenha causado grandes danos estruturais à aeronave.


- Na maioria das colisões, o motor consegue moer o pássaro. Mas, pode representar, sim, um risco à segurança do voo - garante.

No fim de semana, o prefeito de Parintins, Bi Garcia, e o vice, Messias Cursino, receberam técnicos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para avaliarem a situação do aeroporto, administrado pelo município. A equipe também visitou toda área que compreende o Aeroporto Júlio Belém, especialmente o lixão público da cidade.

- O lixão não é um problema para o aeroporto. Existe urubu, existe. Existe perigo, existe. Mas, é um problema controlado. Em Manaus, por exemplo, o aterro também fica perto do aeroporto - diz o administrador do aeroporto.

Para Jean Jorge Rodrigues, o problema é regional, já que os aeroportos localizados na Amazônia foram construídos em meio à floresta.

- Como estamos na Amazônia, estamos cercados por pássaros. Há uma biodiversidade muito grande e os animais voam de uma lado para o outro - diz o administrador que também vê solução na construção de um novo aterro sanitário, fora da zona da aerovia.

O prefeito de Parintins Bi Garcia reconhece que com o funcionamento parcial de uma das principais portas de entrada ao município, a economia tem uma perda considerável no período de impedimento de funcionamento normal do aeródromo.



A Prefeitura aguarda a decisão do Ministério Público Federal para a reabertura em tempo integral do aeroporto. Segundo a assessoria de comunicação do município, o prefeito esteve em Manaus em busca de solução. Ele manifestou desejo de repassar o aeroporto para o Governo do Amazonas, uma vez que a Prefeitura tem prejuízos mensais de 30 mil.


Bi Garcia informou ainda que a empresa Trip, que opera em Parintins, vai investir em um jato com 88 lugares, reduzindo de duas horas para 45 minutos o tempo de voo entre Parintins e Manaus. O prefeito também disse que a empresa não envia relatório de perigo aviário para o aeroporto Júlio Belém desde o ano passado. Para ele, o investimento da companhia aérea demonstra que o aeroporto de Parintins está apto a receber aeronaves de grande porte.

Parintins está entre os 65 municípios indutores do turismo do país. A ilha tornou-se um dos destinos turísticos mais visitados do Amazonas na temporada de cruzeiros pela Amazônia que vai de outubro a março. A dimensão alcançada pelo Festival Folclórico de Parintins colocou os bumbás Garantido e Caprichoso como principal produto para desenvolver o turismo na região, uma das alternativas econômicas para o município. O turismo ligado ao boi-bumbá já é uma importante fonte de renda para o município.

Do G1

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