O Facebook tem apenas 10 anos, mas já é difícil imaginar a internet sem ele – para o bem e para o mal. Com 1,3 bilhão de usuários, o Facebook é mais que a rede social onde você encontra os seus amigos, família, colegas e pessoas que você não vê há tempos, mas um portal para acessar notícias, eventos, aniversários, debates políticos e vídeos de gatinhos. Ele pode ser literalmente toda a internet para um número crescente de pessoas, e esse tipo de domínio é, no mínimo, perigoso.
Volta e meia aparece alguém querendo concorrer, ou pelo menos balançar o monopólio: alguns anos atrás, foi o Google+ . Um pouco antes, o Diaspora. Esta semana, é a vez do Ello.
E por que criar uma alternativa? No fundo ninguém acha simpática essa ideia de Mark Zuckerberg de levantar milhões de dados da gente, dar para as marcas e vender anúncios superdirecionados. O Ello se propõe a ser, antes de tudo, uma rede sem publicidade. Diz o manifesto:
"Nós acreditamos que há um outro caminho. Nós acreditamos em beleza, simplicidade e transparência. Nós acreditamos que uma rede social pode ser uma ferramenta de empoderamento. Não uma ferramenta para enganar, coagir e manipular – mas uma lugar para se conectar, criar e celebrar a vida. Você não é um produto.
Parece bonito, né? Com esse discurso, eles estão conquistando 34 mil novos usuários por hora esta semana. Por enquanto, tal qual o velho Orkut, só se entra com convite. A interface é uma mistura de Twitter com visual de internet antiga, BBS:
Além do óbvio descontentamento com o excesso de publicidade do Facebook (e porque coisas alternativas sempre parecerão mais cool), outra coisa tem atraído muitos usuários do Ello: a desobrigação de usar o nome real. O Ello já tem alguns meses de vida e não tinha chamado muito a atenção, mas aí o Facebook resolveu desativar contas de pessoas que tinham “dupla personalidade”, como drag queens com seus nomes artísticos. A comunidade LGBT dos Estados Unidos se revoltou e foi atrás de um porto seguro, onde pudessem escolher a sua persona – e não ficassem restritos aos 140 caracteres do Twitter. Ru Paul tuitou sobre o Ello, e um monte de gente ficou curiosa.
Não é a primeira vez que alguém tenta criar uma solução sem publicidade para brigar com as redes sociais dominantes. Alguns poucos anos atrás, o App.net surgiu como uma versão paga do Twitter. Acabou não vingando porque as redes sociais só funcionam e crescem rápido se todos (ou a maior parte) os seus amigos estão nela. Mas nisso o Ello quer ser diferente: os fundadores apostam que você vai querer fazer novos amigos, e deixar de lado aquelas pessoas de sempre que te acompanham há um tempo no Facebook.
Será que vai funcionar? Difícil dizer. A questão mais óbvia é saber como eles planejam se bancar. Os fundadores dão pistas que cobrarão por funcionalidades extras. Talvez a versão grátis tenha uma limitação de fotos ou número de usuários, ou ícones extras, desbloqueados na versão paga. Faz sentido. Mas será que as pessoas tem saco de reconstruir a sua vida social em um novo site? A ver. O fato é que o monopólio em algo tão importante quanto as nossas relações sociais não é saudável, e é bom que volta e meia apareça alguns malucos querendo chacoalhar o jogo.
Yahoo Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário